sábado, 23 de janeiro de 2010

2010, uma reflexão.

A cada 2 anos os brasileiros vão às urnas eleger seus representantes, a cada 4 elegem aqueles que ocuparão o cargo máximo do seu estado e da República e 2010 é este ano.

Após 8 anos de mandato do governo Lula, deparamos-nos com um quadro extremamente polarizado, como já acontece desde 1994, entre PT e PSDB, já que são os 2 grandes partidos nacionais em termos de militância, estrutura, lideranças políticas e programas partidários. A grande novidade desta eleição é que, após 5 eleições consecutivas, será a primeira em que não há o nome de Lula entre as opções, apesar de algumas tentativas frustradas de estabelecer o 3o mandato. Contudo, isto não significa que o atual presidente não terá grande participação nas eleições deste ano.

Como já vimos desde 2008, Lula está engajado na campanha de Dilma Roussef, uma candidata insossa, que nunca disputou uma eleição e que sozinha não se elegeria nem síndica de seu condomínio. A campanha adiantada (e ilegal) demonstra que o atual governo utilizará de todos os meios, até os mais excusos, para elegê-la. Por causa disso, mesmo Dilma sendo uma candidata per si fraquíssima em relação a José Serra, tem chances consideráveis de vitória, deverá disputar a eleição voto a voto, estabelecendo-se, assim, um pleito dificílimo.

Os 8 anos de FHC

Muitos comparam o governo do PT ao governo do PSDB sob a gestão de Fernando Henrique Cardoso. É verdade que, no grosso aparente ao grande público, ambos tiveram gestões semelhantes, mas há uma grande vantagem ao PSDB, apesar da população não enxergar isso, infelizmente. Foi sob FHC que muitos fundamentos foram criados ou reformados, Lula só manteve muitos deles, então o que é mais fácil, construir uma casa desde seu alicerce até o telhado ou só ganhá-la e fazer a manutenção necessária?

Podemos citar diversas criações, que todo o povo brasileiro deve se orgulhar pois é o grande beneficiário, da gestão tucana sob FHC, tais como: as atuais instituições democráticas, que foram fundadas ou aperfeiçoadas; a reforma administrativa, infelizmente não mantida por Lula; a economia foi estabilizada, reformada e regulamentada; o trabalhador passou a ter seu salário valorizado com o fim da inflação; serviços essenciais como a telefonia tornaram-se acessíveis à população; o Brasil deixou de ser um aventureiro no cenário político internacional; mecanismos importantíssimos para o controle do gasto e administração pública foram criados, limitando a possibilidade de maus atos como a corrupção, o que Lula tenta desfazer ao intimidar o TCU; o SUS de fato passou a existir e, sob a gestão de Serra no ministério, trouxe importantes conquistas para o brasileiro, como os genéricos e reformas administrativas importantíssimas para a eficiência no sistema; planos educacionais foram tomados como iniciativas nacionais; o trato com o Legislativo se deu principalmente na base da ideologia, em vez do fisiologismo como ocorre sob Lula; diversas regulamentações da Constituição de 88 só então passaram a vigorar; e programas de inclusão social e diminuição da desigualdade foram criados.

Estas conquistas de FHC permitiram que o Estado brasileiro se tornasse forte, as instituições democráticas sólidas e a economia próspera. Como foi o primeiro presidente eleito democraticamente que teve 8 anos de estabilidade política e econômica após a ditadura, FHC foi um dos grandes responsáveis pela fundamentação do Estado brasileiro como conhecemos hoje e quando se encontra em um papel como esse há muitas atitudes que podem lhe tornar impopular, afinal há muitos interesses em jogo, cabe ao verdadeiro Estadista enxergar o horizonte, o longo prazo, e guiar a sua nação à essa direção, mesmo que isto lhe custe popularidade.

Este fato pode explicar a impopularidade de FHC, o maior Estadista que o Brasil já teve, embora não há de se negar que a eficiência da máquina publicitária do governo Lula de omitir e enganar a população ao tentar mudar a história do país também é grande responsável, afinal nunca antes na história desse país se mentiu e se manipulou tanto a opinião pública. Também não se pode poupar o PSDB de críticas, afinal o partido nunca soube defender eficazmente a excelente herança deixada por FHC e sempre escapou de debates importantes, como aconteceu em 2006, a exemplo da privatização, importantíssima para que o Brasil não tivesse se tornado uma grande Venezuela.


O governo Lula


Lula subiu o Planalto em 2003 como a grande esperança de mudança. Possuía um programa de governo muito bem elaborado e que foi apresentado durante as eleições de 2002. A sua equipe foi extremamente eficiente de espantar a imagem do Lula sapo barbudo das eleições anteriores, colocando um candidato maduro e que não ia fazer revolução vermelha alguma no país. Era um candidato maduro, com boas propostas para o país, e que se tivessem sido estabelecidas durante seus 2 mandatos o Brasil de 2010 seria muito melhor do que o atual. Posso citar as reformas política, administrativa e tributária, que nunca saíram do papel.

Em vez de ser o agente da mudança, após quase 8 anos, Lula se tornou o agente da continuidade em alguns pontos, o que foi ótimo para o país. Afinal, ao seguir os fundamentos econômicos e sociais do governo FHC, Lula conseguiu fazer o Brasil crescer sem inflação e ampliar os programas sociais herdado. Assim, houve uma clara diminuição da miséria e da desigualdade social. Houve também grandes acertos em matéria de política externa, como a maior proximidade com o bloco Europeu e de países emergentes, fazendo com que o Brasil tivesse uma postura mais independente e reconhecidamente compatível com seu tamanho no cenário internacional, saindo, enfim, do guarda chuva norte-americano.

Contudo, nem tudo foram flores. Lula estabeleceu um jeito de governar típico de grandes ditadores ou políticos populistas que tanto mal fizeram ao Brasil e ao mundo no passado. Baseado no toma-lá-dá-cá, o governo Lula enfraqueceu o Legislativo, encheu a máquina pública de cupins provenientes de partidos aliados, fortaleceu o fisiologismo político, comprou sindicatos e organizações da sociedade civil como a UNE e ONGs via financiamentos públicos, enfraqueceu os partidos políticos, passou por cima da Justiça, escancarou a porta da corrupção, além de muitos outros malefícios para o nosso Estado democrático.

O Lula ao não fazer as reformas prometidas em 2002, as quais nunca saíram do papel, deixa uma triste herança para seu sucessor e um grande prejuízo para o país. Uma carga tributária altíssima impede a economia de crescer e esta carga é incompatível com a qualidade dos serviços oferecidos, tornando-se injustificável, ao contrário do que o Presidente disse recentemente. A ausência de reforma administrativa, permitiu a criação de dezenas de milhares de empregos públicos comissionados para a instalação dos cupins e quem banca isso somos nós através de altíssimos impostos, que poderiam ser baixados se não fosse isso ou serem melhores investidos do que em gastos correntes desnecessários.A falta da reforma política enfraqueceu os partidos e facilitou a corrupção, que tanto mal faz ao país ao desviar-se recursos de serviços fins à população.

Lula também faz grande mal ao tornar a mentira em verdade, à la Goebels, graças a uma grande máquina publicitária e fontes de recursos infinitas para movimentos sociais. Assim esquece-se que tudo de bom que há no governo dele é graças à continuidade e aprofundamento de políticas criadas em governos anteriores, com destaque ao FHC, ao mesmo tempo que atribui que tudo de ruim é culpa de governantes anteriores, como se em 8 anos não tivesse sido capaz de mudar o que acha ruim. Assim, fica fácil de se chegar aos altos índices de popularidade que possui graças à sua desonestidade.

Graças a tal popularidade, Lula conseguiu indicar uma candidata que não tem nenhuma expressão nacional.


As eleições 2010


Dilma, ex-guerrilheira, é daquelas chegadas aos setores mais radicais do PT, os mesmos que tentaram infeccionar os 8 anos do governo Lula para uma guinada radical rumo à estatização de setores econômicos, à violação da democracia ao pensar em um 3o mandato, à tentativa de acabar com mecanismos controlatórios e à censura à imprensa e a qualquer oposição. Portanto, não é de se espantar que são grandes as chances de que, em uma eventual eleição, o que está previsto no atual PNDH de fato seja colocado em prática, o que pode levar o Brasil à uma ditadura populista de caráter chavista.

É esse grande mal que todos devem pensar em combater nas eleições de 2010. Além do óbvio de que não se colocar alguém tão mal preparado para ser presidente do nosso país. Contudo, para isso deve-se ter em mente que os mesmos que estão com a Dilma são aqueles ludibriados com o poder pelo poder e por causa disso lutarão com garras e dentes, violando todos os preceitos éticos, para elegerem a cacique de sua tribo. Como o aparelhamento do Estado é o perfil do atual governo, a máquina estará muito forte e tem chances reconhecidas de elegerem qualquer candidato, inclusive uma bem insossa como a Dilma.

Por outro lado, há a chance de se eleger um candidato com grande currículo e história, o José Serra. Ele sem dúvida é o melhor político no nosso atual quadro. Já foi deputado, constituinte, senador, ministro, prefeito da maior cidade do país e governador da maior unidade da federação. Sua história de lutas à esquerda, sua ética e caráter ao lidar com a coisa pública, sem nunca lhe recair qualquer suspeita de sujeira, e sua indiscutível qualidade de gestor o colocam como o maior candidato a Presidente que o país já teve, e não podemos perder a chance de eleger esse grande homem para a Presidência da República para guiar o Brasil às reformas necessárias e, enfim, prepararmos-nos para os desafios do século XXI. Serra tem tudo para ser um grande Estadista à frente da liderança da nossa nação.

Para que esse objetivo seja alcançado, todos devem se conscientizar politicamente do grande mal que o governo do PT faz ao cumpinizar a máquina e também devem estar prontos a defender os 8 anos de governo FHC, que mudaram a face do nosso país. Não podemos fugir deste debate e não podemos ter medo da força da máquina e nem sermos enganados pela mentira e por dados duvidosos.

Em Outubro teremos 2 caminhos: o primeiro, que representaria um grande mal ao país, seria a falta de alternância no poder com a eleição da Dilma, o que poderia levar o país a um viés, até mesmo pelo perfil da candidata, ditatorial, chavista e populista, o que pode a médio prazo acabar com as conquistas democráticas, as quais por tanto lutamos, afundar a máquina pública e pôr um fim na estabilidade econômica; o segundo seria a eleição de um candidato extremamente competente, com um grande currículo e muitíssimo bem preparado, o José Serra, cuja história demonstra que está preparado e possui honradez e coragem para instituir as reformas que o país tanto necessita, e que foram esquecidas pelo PT, para se preparar para os desafios que o futuro nos aguarda, caso contrário ficará para trás neste século XXI.

Serra é a chance que temos de tornar o Brasil, o eterno país do futuro, em uma nação com um presente próspero e justo e preparado para um futuro ainda melhor.

domingo, 27 de setembro de 2009

Liderança de Lula na América Latina?

Em janeiro de 2003, o Brasil liderava a América do Sul sem bravatas nem requebros exibicionistas. No poder desde 1998, Hugo Chávez não ousara provocar nenhum vizinho. O acordo de fronteiras entre o Equador e o Peru, consumado com a mediação pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso, removera do mapa do subcontinente a última zona conflagrada. O Paraguai respeitava o acordo de Itaipu, a Bolívia entendia que o preço do gás levava em conta o gasoduto bilionário construído pelo parceiro. Ninguém se atrevia a desafiar o Brasil.

Comentário postado no Blog do Noblat

sexta-feira, 31 de julho de 2009

E agora, José?

José Sarney deve estar vivendo o pior dos infernos astrais, mergulhado em denúncias que aparecem a cada dia, agora perdeu o apoio político do PT e, surpreendemente, ou nem tanto assim, do presidente Lula, que até semana passada o defendia com unhas em dentes, mas que agora tira o corpo fora.

O comportamento de Lula não é inédito, vide os episódios de José Dirceu e Antônio Palocci, que quando ministros também se envolveram em escândalos, foram também inicialmente defendidos por Lula, mas foram posteriormente abandonados à própria sorte quando o presidente viu que a defesa lhe custava caro à sua avaliação, o que acontece agora novamente.

Ambos renunciaram aos seus mandatos de ministros, caminho semelhante que deve acontecer com Sarney, que deverá renunciar ao mandato de presidente do senado federal a fim de evitar sua cassação como senador e diminuir a avalanche de denúncias, que atingem a si próprio e a sua família, a qual já pediu que o Senador renunciasse.

O recesso parlamentar acaba na próxima terça-feira, Sarney se encontrará com Lula na segunda-feira para anunciar sua decisão, que será divulgada publicamente alguns dias depois. Com isso, cabe agora à cambaleante base governista procurar um sucessor, que provavelmente não sairá da tropa de choque de Sarney, e talvez até da oposição, o que, felizmente, poderá dar ares novos ao Senado que, enfim, poderá voltar a trabalhar, coisa que não acontece desde que Sarney foi eleito seu presidente.

E agora, José?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

De Carlos Drumond de Andrade

terça-feira, 28 de julho de 2009

Momento de música - Parte I

A música abaixo é Melodies of Life, em versão orquestadra. A música é parte da trilha sonora de Final Fantasy, game que é um primor em relação às composições, principalmente aquelas feitas por Nobuo Uematsu.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A mudança de ideologia do PT

Do Blog do Josias:

Sempre que uma ideologia sai de moda, o político recorre ao primeiro modelito prêt-à-porter disponível na prateleira das conveniências.

Para o PT, o patrocínio incondicional da ética tornou-se démodé. O chique agora é envergar o manto diáfano da “governabilidade”.

Numa fase em que camiseta de Che Guevara já não serve nem para seduzir a Ideli Salvatti, o repórter sai em socorro dos petistas.

Vão abaixo duas listas. Relacionam o que precisam fazer e o que devem evitar os petistas que desejam salvar o charme.



- O que o petista não precisa mais fazer:

1. Lembrar que Lula já chamou Sarney de ladrão.
2. Recordar as baixarias do Collor na eleição de 89.
3. Posar de torquemada em sessões de CPI.
4. Gritar ‘Fora, FMI’.
5. Ler Neruda.
6. Comer frango com a mão.
7. Beber cachaça.



- O que o neopetista não pode deixar de fazer:

1. Rezar por Sarney antes de dormir.
2. Admitir que foi injusto com o Collor.
3. Negociar com o Renan a tática anti-CPI.
4. Exaltar o socorro do Brasil ao FMI.
5. Ler Marimbondos de Fogo.
6. Aprender a manusear os talheres.
7. Folhear um bom guia de vinhos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cenas de Cinema - Parte 8

O Poderoso Chefão Parte III encerrou magistralmente a trilogia mais conceituada do cinema. Contudo, enquanto as partes anteriores eram impecáveis, a última parte pecou na escolha de Sophia Coppola, filha do Diretor Francis Ford Coppola, para um dos papéis centrais da trama. Foi até embaraçoso ver cenas com uma atuação brilhante de outros atores, como o Al Pacino, contracenando com ela, que estava muito fraca no papel. Este é o principal motivo alegado pelos críticos para o filme não ter sido bem recebido, pois de resto (roteiro, fotografia, arte, etc...) manteve o toque sublime dos anteriores.

A cena abaixo encerra a trilogia, com Michael Corleone encarando a morte da sua filha. Aqui fica nítido o constraste entre os atores Al Pacino e Sophia Coppola, nota 10 para aquele e 1 para esta. Ao fim temos a morte de Michael Corleone, concluindo esta belíssima trilogia.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Informações de saúde - Parte 4

A varíola é uma moléstia extinta desde 1974, tendo o último caso sido notificado na Somália. Contudo, devido a sua transmissibilidade rápida, letalidade razoável, inexistência de defesas em humanos e existência de cópias virais em laboratórios e a possibilidade de um vírus simiesco ocupar o nicho deixado livre pela varíola, coloca esta doença como de alto potencial bioterrista pela OMS e em situação de extrema vigilância para detecção de casos.

A varíola é uma doença conhecida há séculos, havendo ilustrações até em sarcófagos egípcios. É uma doença transmitida pelo vírus Poxvirus variolae, o maior vírus existente, sendo o único visualizável em microscopia óptica. Há vírus semelhantes que causam doença em macacos e que já causou doença similar à varíola em humanos no antigo Zaire.

A transmissão do vírus ocorre pelas vias respiratórias através de perdigotos infectados, havendo a entrada do vírus na mucosa respiratória e replicação local. A partir de então, atinge a circulação linfática e linfonodos, quando há uma nova replicação e atinge órgãos ricos em sistema retículo-endotelial (baço, fígado, medula óssea), onde há uma franca replicação, quando há, então, uma viremia que acarreta em sintomas pródromos, após cerca de 15 dias da entrada do vírus.

As manifestações clínicas dividem-se em toxemia e exantema. A toxemia, que dua de 3 a 4 dias, caracteriza-se, principalmente, por febre, cefaléia, dor e mal-estar geral, podendo ser antes ou durante o exantema. Este, que dura até 3 semanas, caracteriza-se por lesões proliferativas na pele que ocorrem nesta seqüência: mácula, pápula, vesicula, pústula, crosta e cicatriz, de distribuição centrífuga, com umbilicação central e nunca havendo lesões em estágios diferentes em um mesmo segmento (principal diferenciação com a varicela, ou catapora como conhecida popularmente).

Embora o principal órgão acometido seja a pele, onde pode deixar lesões cicatriciais permanentes, outros órgãos podem ser comprometidos, como pulmões, vias aéreas superiores, rins e testículos. As formas hemorrágicas, embora incomuns, provocam hemorragias severas e são altamente letais. No geral, a letalidade é de 20%. A forma com acometimento apenas da pele é denominada de varíola minor, já quando há hemorragias em órgãos internos é denominada de varíola major.

O diagnóstico é feito pela microscopia eletrônica, imunofluorescência, detecção de antígenos, sorologia, biópsia de lesões ou identificação viral. Os exames diagnósticos encontram-se em poder do CDC, que deve ser acionado em qualquer lugar do mundo em caso de suspeita clínica de varíola.

Não há tratamento específico, devendo-se focar no tratamento de sintomas, boa nutrição e profilaxia de infecções secundárias. Nos casos graves deve ser estabelecida respiração artificial. Recomenda-se internação em quarto com pressão de ar negativa, em todos os casos, por 14 dias, pelo menos. A transmissibilidade ocorre do início dos sintomas da toxemia até a formação de crostas nas lesões. Os profissionais de saúde devem usar máscaras N95

A profilaxia é feita por vacina, que é aplicada por via intramuscular e é constituída por vírus enfraquecido que acomete os bovinos, dando nestes a vacinia. Foi a primeira forma de imunização ativa descoberta, o que ocorreu no século XVIII por Jenner, que observou que indivíduos que tinham contatos com vacas acometidas por vacinia não desenvolviam varíola. A vacinação em massa contra a varíola foi o primeiro programa de imunização mundial bem sucedido liderado pela OMS em prol da extinção de uma doença. A vacinação foi interrompida em humanos ao fim da década de 1970, a fim de evitar a reversão vacinal e introdução de doença semelhante. Com isso, atualmente, apenas profissionais de saúde que trabalham com pesquisas laboratoriais envolvendo a manipulação do vírus da varíola que devem receber a vacinação.

O vírus da varíola, atualmente, é encontrado em dois laboratórios de segurança máxima (nível 4 de segurança) nos Estados Unidos (no CDC) e na Rússia, todos os demais países destruíram as amostras que possuíam. Este armazenamento é uma medida de segurança para que haja uma produção em massa de vacinas em caso de ressurgimento da doença, que pode ocorrer pela ocupação do nicho por vírus semelhantes que acometem outros animais e que poderiam acometer humanos após mutações, e também em caso de ter havido desvio de amostras virais na ex-URSS (ou dos próprios laboratórios em que são armazenados atualmente) e que sejam utilizadas em atos bioterroristas.

Como a população não está preparada sorologicamente para uma epidemia de varíola e nem os médicos atuais estão preparados para o reconhecimento rápidos de casos e há atualmente a AIDS, os efeitos de uma eventual epidemia seriam catastróficos, devido a letalidade de 20% (maior que a leptospirose e 50x maior que a nova gripe A, por exemplo) e a transmissibilidade equiparável a da gripe sazonal (que acomete mais de 500 milhões de pessoas por ano).

Fontes de consulta:
Principles and Practices of Infectious Diseases - Mandell
Tratado de Infectologia - Veronesi